domingo, 13 de dezembro de 2009

Khayelitsha, uma township com vista pro mar


Nas estatíscas sul-africanas, Khayelitsha é uma das comunidades mais pobres e violentas do país. Para piorar, tem um índice de 33% de infectados pela Aids entre a população adulta. Mas à parte suas mazelas, o que eu vi lá foi um lugar vibrante e encantador, que dá o tom da riqueza cultural negra da África do Sul.


Khayelitsha é uma township, que são comunidades estabelecidas nas periferias das cidades pelo Apartheid para isolar a população não-branca. É mais ou menos como uma favela no Brasil, com a diferença de que favelas são, em geral, ocupações ilegais, mas voluntárias; townships, ocupações legais, porém forçadas.
Uma vantagem de Khayelitsha em relação a Soweto (a maior township do país), por exemplo, é que ela está na belíssima Cidade do Cabo. Por isso, ao invés de ruas de terra, as ruas são de areia branquinha. A comunidade está a menos de um quilômetro da praia mais próxima.

A comunidade tem um clima de cidade litorânea do interior. Em frente às casinhas simples, as mamas (forma respeitosa como as mulheres negras sul-africanas são chamadas) colocam suas cadeiras na sombra para jogar conversa fora. Crianças brincam soltas nas ruas - algo muito difícil de encontrar fora das townships.



Nas minhas andanças pelo lugar, passei pelo quintal de um barraco paupérrimo, onde crianças dançavam e uma mulher gastava o vozeirão enquanto lavava roupa. Perguntei se ela estava feliz naquele dia e ela me respondeu cantando: "sempre". Apesar de todas as difilcudades, ela havia escolhido ser feliz. A alegria daquela mulher me contagiou. E Khayelitsha ganhou um lugar especial nas minhas memórias africanas.


(Marta)

domingo, 6 de dezembro de 2009

O meu Flamengo


Dois mil e nove não é mais o ano em que eu saí de casa, que eu me mudei para a África, que eu vivi algumas das melhores experiências da minha vida. Desde este 6 de dezembro, 2009 é pra mim, em primeiro lugar, o ano em que o meu Flamengo foi hexacampeão brasileiro.


O último título havia sido em 1992, quando eu, então com nove anos, formei minha convicção, para sempre inabalável, de que o meu time era também, para a minha sorte, o maior clube do Brasil.


Só que os resultados dos últimos 17 anos não ajudaram. O Flamengo, que pela minha lógica não poderia nunca perder jogo algum para time nenhum, perdia campeonato atrás de campeonato. E eu ficava com aquela sensação de que não veria mais o Flamengo do tamanho que ele é.


Mas neste 6 de dezembro eu vi o meu Flamengo de novo, o número um do Brasil. Hoje o Flamengo foi hexacampeão brasileiro, mas foi, sobretudo, o meu Flamengo, gigante, aquele que eu aprendi a amar.


(Rafael)