segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Costa do Marfim



Riquezas naturais, por aqui, há aos montes. Tanto que uma delas batizou o país. E como o marfim tornou-se escasso, por causa da grande exploração desde o século 15, a Costa do Marfim buscou outros produtos em seu solo fértil. Hoje, é o maior produtor e exportador de cacau do mundo, por exemplo. Mas o que parece dar mais orgulho aos seus 20 milhões de habitantes é outra riqueza que nasce dessas terras - o talento para jogar futebol.

Na última década, diversos marfinenses passaram a brilhar na Europa, como Didier Drogba, atacante do Chelsea, capitão da seleção, maior nome do país. Mais do que ídolos, tornaram-se heróis. Se não ganharam nenhum título de expressão, eles ao menos tiveram o mérito de colocar a Costa do Marfim no mapa do futebol mundial. A seleção que jamais havia ido a uma Copa do Mundo antes de 2006, fará na África do Sul, em 2010, sua segunda participação consecutiva. Cartazes promocionais espalhados pelas ruas já convocam o povo para a festa. Mesmo em um grupo que conta com Brasil e Portugal, os "Elefantes" são considerados uma força.
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E ver a camisa laranja jogando de igual para igual com as principais equipes do mundo é motivo de alegria para um povo apaixonado por futebol.

Basta uma voltinha por Abidjan, maior cidade do país, para se ver uma coleção de camisas de grandes times europeus. Como em toda a África, os clubes de lá, especialmente os da Inglaterra, são bastante populares. Mas o fascínio pelo futebol vai um pouco além. Uma bola por aqui significa também uma oportunidade. Os que têm mais talento podem realizar o mesmo sonho que um dia sonharam Drogba e Kalou, do Chelsea, ou os irmãos Yaya e Kolo Touré, do Barcelona e do Manchester City respectivamente. Já os que não têm tanta sorte podem, com o futebol, ao menos ter um emprego. Isso significa um salário baixo, mas ganho às custas de suor e de paixão. Por aqui, não é pouco.


Por isso, mesmo aqueles que jogam no campeonato local já são considerados privilegiados. Um treino de uma equipe de primeira divisão, como o Hire Football Club, nem de longe lembra o de uma equipe de primeira divisão do Brasil. Ele é feito à beira da estrada, em um campo irregular, onde a grama é alta em alguns pontos e nenhuma em outros. Mesmo assim, as crianças param pra ver, fascinadas, aqueles jogadores de uniforme e chuteiras correndo atrás de uma bola oficial. De um lado da estrada, elas se deparam com gente ganhando a vida com o futebol. Do outro lado, enxergam outras perdendo para a realidade, vivendo com dificuldade e trabalhando para sobreviver. Não surpreende, portanto, que sempre escolham a bola.
(Rafael)

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