terça-feira, 27 de abril de 2010

Zuma é HIV negativo - o que está por trás desta notícia

A manchete dos principais jornais sul-africanos deste domingo foi a mesma: o resultado negativo do teste de HIV do presidente do país, Jacob Zuma. Talvez em nenhum outro lugar do mundo essa notícia teria a repercussão e relevância que teve aqui. O que reforça a gravidade da epidemia da Aids na África do Sul. São 5,7 milhões infectados num país de 50 milhões, ou seja, mais de 10% da população é HIV positivo.
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O resultado do teste de HIV de um governante ou de qualquer outro paciente não deve ser um assunto de interesse público, mas no caso de Zuma (e da África do Sul) é diferente.
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Em parte, a notícia pode ser encarada como algo positivo, pois o fato de Zuma ter divulgado o resultado pode incentivar outros sul-africanos a fazerem seus exames. Nos últimos meses, o presidente está engajado numa campanha para estimular a população a descobrir se tem ou não a doença, e a partir daí procurar o tratamento adequado.
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A África do Sul é líder no número de pacientes em tratamento com as drogas anti-retrovirais – 700 mil. No entanto, outras 1,5 milhão de pessoas estão à espera dos medicamentos.
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Mas por outro lado, é um cala-boca a seus críticos. Zuma tem um retrospecto complicado no que se refere à doença. Em 2005, ao ser acusado de estupro, alegou ter tomado um banho logo após a relação para não contrair a Aids. Ano passado, se envolveu numa polêmica familiar ao admitir que teve um filho fora dos casamentos (Zuma é polígamo), ou seja, havia transado sem camisinha com sua amante. Zuma tem três esposas, 20 filhos reconhecidos e uma noiva.
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O ato de tornar seu resultado algo público serve para mostrar que ele, Zuma, não precisa usar camisinha, pois depois de todas as lambanças de fez ainda saiu ileso. Por esta perspectiva, a notícia foi uma bomba nas políticas de combate à Aids
(Marta)

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