Um virou algoz no Zimbábue.
O outro ganhou aura de santo na África do Sul.
Duas horas antes da delegação de atletismo desembarcar, amigos e familiares comandavam dancinhas e músicas no saguão do aeroporto. Os sul-africanos são um povo muito animado e não perdem uma oportunidade para mostrar que são os reis do rebolado. E claro, não poderiam faltar as vuvuzelas.
O avião atrasou muito e enquanto Semenya não aparecia, mais curiosos e jornalistas se amontoavam no lugar. Até que ficou insuportável. Não dava nem para se mexer direito. Eu e Rafael nos entreolhamos e apostamos: "93% de chances de dar merda”. (Na foto abaixo, amigos e familiares dançam e cantam em voltam de recortes de jornal que têm a foto de Semenya na capa).
Pois na hora em que Semenya saiu no saguão, uma onda de jornalistas, amigos e curiosos atravessou o isolamento precário feito pela polícia. Eu e Rafael fomos carregados pela multidão. Algumas mulheres acabaram caindo no chão com o empurra-empurra. Eu levei um chega-pra-lá de um policial. E o que era para ser uma recepção linda, acabou assim: quase ninguém conseguiu ver Semenya, que sumiu na barreira policial.
Ah, além de Semenya, outros dois sul-africanos conquistaram medalhas no Mundial de Berlim. Khotso Makgale foi prata no salto em distância e Mbulaeni Mulaudzi repetiu o feito de Semenya e foi campeão dos 800 metros masculino. Mas eles acabaram ofuscados pela polêmica e comoção em torno da atleta, que ainda aguarda os resultados dos exames feitos pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF) para provar se ela é mulher.
(Marta)
Depois de algum tempo, você até esquece que está num funeral.
(Marta)