quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A arte de (não) andar pelas ruas de Joburgo

Certa vez um amigo da Marta perguntou em tom de brincadeira: “Você sabe por que as mulheres brancas de Johanesburgo não têm bunda?” E emendou: “Porque elas levantam do sofá e sentam no carro, levantam do carro e sentam no restaurante, levantam do restaurante e sentam no cinema, chegam em casa e sentam no sofá.”

Mas a piada bem que poderia ser estendida à quase toda população da cidade. Porque para qualquer coisa que se faça por aqui é preciso ter um carro - inclusive para ir a uma concessionária comprar um carro.

Quem não tem um precisa apelar para um sistema de transporte praticamente inexistente. Só há vans em más condições e raríssimos ônibus (que, mesmo assim, circulam em áreas restritas da cidade).

Andar a pé não é uma opção. Primeiro, por causa da organização de Johanesburgo, toda cortada por longas (e ótimas) rodovias, como uma típica cidade americana, em que negócios e entretenimento estão distantes das áreas residenciais. Segundo, e provavelmente mais relevante, por conta da violência urbana. Johanesburgo é, sim, uma cidade perigosa, mas não é diferente do Rio ou de São Paulo. A diferença é que aqui parece que as pessoas decidiram simplesmente não andar mais nas ruas. Isso, obviamente, não serviu para diminuir a violência, só para ampliar o medo.

É raro encontrar faixa de pedestre. Caminhar, como nós já fizemos algumas vezes durante o dia, causa desconforto. Não por medo, mas pelo vazio das calçadas. Por falta de uso, aliás, elas muitas vezes acabam virando enormes jardins nas áreas residenciais.

Em Johanesburgo, quase não se vê casais se beijando na rua, o dono passeando com seu cachorro ou os amigos voltando juntos do colégio. Aqui, as esquinas são mais tristes.



(Rafael)

4 comentários:

  1. É uma pena que uma cidade que vcs contam ser tão urbana em suas rodovias, ser tão pouco habitada em suas ruas. Como vcs a comparam em relação a Brasilia, que é tb cheia de grandes avenidas, e sem muito espaço para pedestres em suas ruas? As cidades americanas, por outro lado, tem uma vida urbana e comunitária muito forte, assim como Brasilia tem as quadras de serviço.
    Eduardo

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  2. Caramba! Não sabia disso, não! E, pois é, também lembrei de Brasília enquanto lia o seu relato.

    E a violência? Nós, como moradores de cidades tão tranquilas do Brasil, realmente nos impressionamos muito quando nos deparamos com essa realidade tão diferente da nossa. Hehehehe.

    PS: Espero que você não tenha ficado acordado aí por causa de um jogo da Copa Sul-Americana, né? De todo modo, acabou de acabar: 1 a 1 com o Flu, Flamengo eliminado. Tsc, tsc.

    (Fábio)

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  3. Bom, pai.Joburgo é parecida com Brasília, sim. Pelo menos do pouco que conheço Brasília, elas me parecem semelhantes, justamente pelos pontos que você destacou. Só que mesmo a nossa capital consegue ganhar de mil em termos de transporte público. Você vai ver em breve.
    Marta

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  4. O forte parece que são os taxis, né? Passageiro deveria ter GPS? rsrsrs

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