quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Amigos: não saia do Egito sem fazer os seus



O primeiro egípcio que conheci nesta viagem foi Tamal. Um engenheiro de uns 35 anos que mora em Luanda, capital de Angola, e visita a família a cada dois meses. Ele sentou ao meu lado no vôo entre Johanesburgo e o Cairo e após oito horas de viagem saí do aeroporto com o telefone dele anotado.

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- Pode me ligar se precisar de qualquer coisa - me disse ele.

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No primeiro dia em Port Said, conheci Ahmed, um técnico de informática de 23 anos que trabalha na organização do Mundial Sub-20. Me apresentei e quis saber onde eu poderia comprar cartões pré-pagos de celular. Ele imediatamente levantou-se, me levou até uma banca e antes que eu abrisse a carteira me entregou os cartões.

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- Deixa que eu pago, não tem problema, é um prazer - ele disse.
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Depois conheci Osama (não é piada), um voluntário da organização do Mundial que a cada dia me pergunta em média 20 vezes se eu preciso de alguma coisa. Sempre sorrindo, já tirou foto comigo dois dias seguidos e ficou feliz da vida quando eu pedi a ele que me acompanhasse para traduzir uma entrevista.

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Em outro dia, perguntei a um voluntário se ele tinha um cabo de computador para me emprestar. Ele disse que não, mas lamentou tanto que parecia que o Egito tinha acabado de perder uma final de Copa do Mundo. Ok, não tem problema, eu respondi, mas dez minutos depois o tal cabo apareceu na mesa em que eu estava. O voluntário tinha ido comprá-lo na rua pra mim.

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E tem também o Gamal, o Motaz e o Yasser, todos egípcios que insistiram em entrar na minha agenda de celular.

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- Se você precisar de qualquer coisa aqui no Egito pode me ligar - repetiram eles.
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Pode ser até que depois de 20 dias de viagem eu me canse de tanta simpatia, prestatividade e atenção. Mas se isso acontecer, o problema será comigo. Porque gentileza nunca é demais e nisso eles são craques.


(Rafael)

5 comentários:

  1. Disse tudo: gentileza nunca é demais. Em qualquer lugar do mundo. :)

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  2. PS1: Adorei o texto da Marta sobre o tal conto de fadas africâner. É desses que faz a gente pensar, pensar... e muitas vezes não chegar a conclusão nenhuma! Acho que só vivendo tudo aí, de pertinho, para ter uma ideia mais precisa, né? Mas o texto ficou muito, muito legal mesmo!

    PS2: Cara, me animei de novo. O campeão voltou! Ontem, tivemos uma verdadeira Batalha dos Aflitos II. Sensacional! ;)

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  3. Rafael,
    vc acha que essa gentileza toda é parte da vida do egipcio ou está ligada aos voluntários do campeonato? Tipo aquilo que existe em todos eventos assim, e que esperamos que na Copa do Mundo e Olimpíadas daqui tb se possa fazer o mesmo.
    Eduardo

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  4. Salve Camarada!
    Primeiramente lhe digo que depois de ver o Sikeleafrika me inspirei em fazer um blog, é bom estar com pessas que instigam e alimenta a criação, Obrigado! Obrigado também pela exposição das fotos e a moral no texto, rssssss....
    Agora, expressar tantos sentimentos em poucas linhas, como tu fez no Baobá, fez meu coração se emocionar, eita arte de Escrever, Parabéns camarada!
    Te devolvo o abraço de sul a norte, abraçando a nossa Mama querida, e te digo a última coisa, mesmo que escondido no hotel a cervejinha egípcia vai rolar, guarda uma pra nóis.....

    Abs

    Edu

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  5. Em uma semana aqui, não me parece que a simpatia deles seja só por causa do Mundial. Ela está em quase todos os lugares por onde ando, principalmente depois que descobrem que sou brasileiro. Acabei de pegar um táxi com um senhor egípcio que se naturalizou sudanês para não ir pra guerra. Ele disse que já visitou o Brasil várias vezes quando jovem, a trabalho, e que adora o Rio, Manaus e o Roberto Carlos. Uma figura sensacional, era conversa para muitas horas... pena que a corrida acabou antes.

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